A trajetória artística e o pensamento de Luiza Leite parecem criar zonas autônomas temporárias. Com as publicações na fada inflada, com as oficinas sobre escrita processual, nas aulas que deu recentemente na pós em Artes da Cena, da ECO-UFRJ, no jeito que caminha pelas ruas de qualquer cidade, Luiza parece sempre tentar modos de convívio com o mundo que desmontam a frase feita, que abrem espaço – com escuta e delicadeza – para o diferimento.
Em tudo que se aproxima faz um som, Luiza monta um texto por dentro de um teatro da sonoridade. Canta como quem chega perto. Sem avisar. Cada palavra que vem na boca esteve antes em outro lugar. Ela estala e morre. Certo dia, um pouco antes da pandemia, estas páginas estavam distribuídas numa parede. O momento quando este texto ainda poderia ter outro jeito de se mexer. Os textos se atraem. São cantos que gravitam. Dizem sobre as coisas mesmo se as perguntas não estejam feitas. Quando dizem, criam dúvidas. Os textos se repelem. Fazem o que querem. O fluxo segue. Agora a proposta talvez seja ouvi-los na voz dxs leitorxs. E prestar atenção nas outras maneiras de dizê-los. Repetir, brincar. As coisas mudam quando ditas por você. Elas ganham outro som, o seu. Fazem outro barulho quando chegam perto.
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O livro integra o segundo bloco da coleção a galope – uma colab entre a garupa e a kza1 – que conta ainda com a parceria das iniciativas Leituras.org, responsável pela comunicação visual da campanha de pré-venda, e da gráfica e editora Impressões de Minas, responsável pela impressão dos livros.
A coleção busca contribuir para o panorama da atual poesia brasileira. Autorxs vivxs. Escritas em tempo real. Mas não tem a ambição de mapear ou cartografar esse panorama. Em vez disso, pontuamos alguns compromissos: transitar, operar testes, correr riscos. E nos permitir um trabalho que desoriente. Editar poesia é uma modalidade de abertura para a própria noção de poesia. Para este tempo, para este chão, para esta gente.
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R$ 30,00Preço
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